#pracegover: a imagem mostra um grande barco feito de papel flutuando sobre a água. Um homem está dentro dele. Ele usa colete salva-vidas na cor laranja, camiseta preta por baixo e calça jeans. Ao fundo, um ponte sobre a água. Imagem: Roberto Böell Vaz – Projeto Reciclar É o Nosso Papel.

Brincar com pequenos barcos feitos de papel é uma diversão antiga. Mas e se a brincadeira se transformasse em um barco de verdade, com o qual você pode navegar, apesar de ser de papelão? É exatamente isso que o engenheiro de produção civil Roberto Böell Vaz, de Florianópolis, em Santa Catarina, faz desde 2004, quando decidiu criar um barco de papel em tamanho real.

A ideia de Roberto já resultou em dez barcos, nos quais é possível que uma pessoa navegue entre 10 e 20 minutos. As aventuras não param por aí. O engenheiro já viajou em um Fusca de Florianópolis até a cidade de Atlanta, nos Estados Unidos, e conheceu 19 países da Europa dirigindo uma Kombi.

Em entrevista à repórter mirim Giovanna S., de 11 anos, Roberto contou mais sobre a criação dos barcos e deu detalhes sobre outras aventuras que já viveu pelo mundo.

#pracegover: a garota Giovanna S. aparece na foto olhando para frente e sorrindo. Ela usa óculos, aparelho fixo nos dentes, tem cabelo castanho-escuro e veste uma blusa de frio azul-marinho. Ao fundo, vegetação. Imagem: arquivo pessoal.

Por que você decidiu que queria navegar em um barco de papel?
O projeto nasceu quando eu estudava engenharia. Durante um encontro nacional da profissão em 2004, aqui em Florianópolis, pediram que eu criasse algo que chamasse a atenção para o evento. Como havia poucos recursos, decidi fazer um barco de papel gigante e navegar com ele. Esse era um sonho que eu tinha desde criança, e acabou acontecendo. O barco tinha 9,55 metros.

Qual foi a sua inspiração?
Sempre que monto um projeto inovador, lembro das aventuras e brincadeiras que fazia quando era criança. Tive uma infância muito feliz, gostava de correr, pular… Também brinquei muito com pipas, piões, bolinhas de gude, figurinhas, carrinhos de rolimã e passeava de bicicleta pelo meu bairro. Para mim, nada supera uma boa aventura.

Quando você decidiu que queria navegar em um barco de papel?
Sempre gostei muito do mar e dos barcos. Na verdade, sempre gostei de qualquer coisa que flutuasse (risos). Eu não precisava de muito, até mesmo um tronco de árvore já fazia a minha alegria. Os barcos de papel eram parte das minhas brincadeiras em dias de chuva: eu fazia os barquinhos e soltava no meio-fio para vê-los correr rua abaixo. Era muito fácil se divertir naqueles tempos.

Como é a estrutura do seu barco, já que ela aguenta uma pessoa?
Uso caixas de papelão bem resistentes e capricho nas dobraduras. Com várias camadas, o papelão consegue resistir certo tempo antes de molhar e rasgar. Como todo barco de papel, ele rasga e afunda, então temos que aproveitar o pouco tempo em que ele flutua.

Como o barco se locomove?
Normalmente, ele é puxado por outra embarcação, pois o tempo de permanência na água antes de estragar é muito curto. Assim, puxado por outro barco, podemos ir mais longe.

Quantas tentativas você fez até chegar ao produto final?
Ao todo, já produzi dez barcos de papel. A primeira tentativa já funcionou logo de cara, mas houve outros dois no meio desses dez que deram errado, pois duraram pouco tempo na água. Fora esses, os meus barquinhos sempre foram iguais aos de todo mundo, pequenos e feitos em casa ou na sala de aula.

Qual foi a sua maior aventura no barco de papel?
Navegar na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, durante a realização dos Jogos Pan-americanos em 2007. Foi muito legal!

Como foi viajar em um Fusca por mais de cinco meses?
Foi uma grande experiência. Pude ver de perto como vivem os nossos vizinhos de países aqui nas Américas [América do Norte, América do Sul e América Central] e verificar como nosso continente é muito lindo. Essa viagem foi repleta de belas surpresas, fiz muitos amigos lá, mesmo estando a bordo de um carro bastante simples.

Como você sobreviveu em um Fusca pela América?
Na verdade, foi muito tranquilo. Durante a viagem eu me pegava pensando nas pessoas de antigamente, que tiveram que desbravar o interior do nosso país e do continente muitas vezes em cima de uma mula ou burro, percorrendo pequenas distâncias em dias ou meses. Era muito trabalhoso! Nesses momentos me sentia privilegiado por estar em um carro, mesmo sendo um Fusca, que era bem pequeno, porque ele andava mais rápido do que esses animais. Além disso, não chovia dentro e ainda dava para dormir no banco. Foi uma experiência maravilhosa!

Entrevista publicada originalmente na edição 129 do jornal Joca.

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