Esta matéria foi originalmente publicada na edição 240 do jornal Joca
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) compartilhou uma sequência de imagens de uma comunidade amazônica indígena completamente isolada. Esta é a primeira vez que essas pessoas são fotografadas, e isso só foi possível com “armadilhas fotográficas”.
Os pesquisadores não sabem como esses indígenas se chamam, pois nunca entraram em contato direto com eles, mas os conhecem como massacos, em referência ao rio Massaco, que atravessa suas terras.
Em virtude do isolamento, não se sabe nem mesmo qual é a população exata de massacos. “Não temos dados demográficos exatos sobre esse povo, mas, observando os vestígios deixados, o tamanho e o número de habitações, chegamos a uma estimativa aproximada de 220 a 270 pessoas”, explicou Janete Carvalho, diretora de proteção territorial da Funai à BBC News.
Para realizar as fotografias, cientistas prepararam câmeras especiais com sensores de movimento que disparam quando alguém se aproxima, as chamadas armadilhas fotográficas. Os aparelhos enviaram as imagens pela internet, dispensando a necessidade da entrada de alguém no espaço dos massacos. O processo faz parte de uma tentativa de estudar e proteger esse povo, mas sem invadir sua privacidade.
ABRIL INDÍGENA
O Dia dos Povos Indígenas é comemorado em 19 de abril. Ao longo do mês, espaços culturais homenageiam os mais de 300 povos originários do Brasil. Em São Paulo, o Museu das Culturas Indígenas lançará, no dia 17, um manifesto pelo tombamento da Mata Atlântica como patrimônio nacional. Em diversas cidades serão realizados eventos com brincadeiras, rodas de conversa e shows com músicas típicas.
PRESERVAÇÃO FLORESTAL É MAIOR EM TERRAS INDÍGENAS, DIZ ESTUDO
No dia 2 de abril, foi lançado um estudo do Instituto Socioambiental (ISA) mostrando que a preservação de terras indígenas nos biomas Caatinga, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal é 31,5% maior do que em áreas fora delas. Ou seja, territórios destinados exclusivamente aos indígenas sofrem menos com o desmatamento. O mesmo estudo afirmou que a demarcação das terras indígenas não apenas impede destruição, como proporciona o aumento da regeneração da vegetação.
“Somente a posse indígena efetiva é capaz de garantir a integridade socioambiental das terras indígenas. As políticas de demarcação, proteção e gestão territorial devem ter caráter integrado, que considerem aspectos sociais, culturais e ambientais, já que, além da degradação ambiental, as situações de conflitos e invasões são uma grave ameaça aos direitos fundamentais dos povos indígenas e sua integridade física”, diz o relatório. O estudo foi baseado no Sistema de Áreas Protegidas (SisArp), banco de dados que reúne informações fundamentais para acompanhar a situação desses locais.
FRANÇA FAZ DOAÇÃO PARA ENTIDADES LIGADAS AOS POVOS INDÍGENAS
No dia 7 de abril, a embaixada da França no Brasil anunciou que doará um milhão de euros (cerca de 6,5 milhões de reais) a entidades ligadas aos direitos dos povos indígenas. São elas: Instituto Raoni, Instituto Aritana e Associação Terra Indígena Xingu (Atix).
Esta não é a primeira vez que a embaixada francesa apoia a causa indígena no país. No começo de 2025, o Ministério dos Povos Indígenas, em parceria com a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), realizou um acordo de cooperação com a embaixada para fortalecer o intercâmbio de estudantes indígenas, que receberão bolsas para estudar na França.
GLOSSÁRIO
EMBAIXADA: representação oficial de um governo dentro do território de outro país.
FONTES: AGÊNCIA BRASIL, CORREIO DO ESTADO, UFGD, FOLHA DE S.PAULO E BBC.
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